quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Nostalgia

Embora me sinta bem por ver que a imprensa e a sociedade estão aprendendo a classificar "Hackers" e "Crackers", ainda me lembro da discriminação que muitos sofreram não há muito tempo atrás.

Alguém com certo conhecimento elevado era motivo para "olhares tortos", e questionamentos infudados. Mas até hoje, nada me irrita mais do que a estúpida pergunta: "Ei, você é hacker?!". Embora nunca o negue, o passado gerou um certo medo de admitir isso. Ninguém, seja hacker ou não, gosta de ter sua vida "investigada" pelos chamados "Caçadores de Hacker".

Ainda ontem, após chegar em casa, conectei-me à rede e iniciei uma conversa com uma grande amiga que estava online. Para minha supresa, a resposta para o meu saudoso "Oi mana!" foi um estúpido "Mana o cacete!". Logo percebi que não tratava-se de minha amiga. Nunca a doçura daquela garota maravilhosa permitiria um calão tão baixo. Tratava-se de um suposto "hacker" que havia "invadido" o msn de minha amiga, e estava deixando suas marcas. Recebi ameaças de invasão e infecção por virus. Até certo ponto, admiro muito a coragem dele. É preciso muita confiança em si mesmo para ameaçar alguém que você não conhece. Nunca se sabe quem ou o que pode estar do outro lado da conexão.

Infelizmente, o tal "hacker" nada mais do que um adolescente empolgado que aproveitou-se de uma falha de um sistema gerenciador de lan-houses, para pegar uma sessão iniciada de um comunicador instantâneo. Ele não precisou quebrar senha alguma, muito menos usar de alguma técnica para fazer isso. Ele simplesmente entrou e achou o msn já conectado. Isso aconteceu porque esse sistema a qual me referí não encerra completamente a última sessão iniciada. Quando os créditos do usuário findam, ele simplesmente bloqueia o uso da maquina, mantendo os comunicadores instantâneos todos abertos. Eu definiria esse tal "hacker" apenas como um adolescente sortudo.

Eu falei algumas palavras para aquele garoto, que acredito eu, o fizeram acordar para a realidade da sua ignorância. Ele não era um hacker, e não agia como um. Devemos ser o que nós somos. Um garoto que bate no peito e diz "eu sou um hacker" mente para sí mesmo.

A internet é o meu mundo, e cada dia que passa eu vejo esse mundo sendo pixado por moleques que querem status entre os amigos. É por causa destes tipos que muitos tem medo de admitir o que realmente são. Nos últimos 10 anos, a mídia tem rotulado como "hackers" os criminosos digitais. Somente porque alguém tem acesso à alguma técnica hacker, e a utiliza para obter certo benefício ilícito, não pode ser considerado como um hacker. O hacker utiliza seu conhecimento para orientar, para ajudar. Nenhum médico utiliza de seus conhecimentos para envenenar seus pacientes. Da mesma forma, um hacker autêntico não os utiliza para prejudicar pessoas, invadir bancos e sair pelo mundo digital fazendo baderna. Essa é uma ideologia nata.

Um hacker não é hacker por que ele quer. Ele é possuidor de uma inteligência fora do padrão encontrado, e ele não tem domínio sobre isso. A lógica é o seu principal crivo, e isso faz dele uma pessoa capaz de enxergar muito além dos seus olhos. Isso faz dele uma pessoa diferente, e as pessoas tem medo de pessoas diferentes.

Há alguns dias, vagando pelo submundo, achei algumas pérolas. A melhor delas é a primeira publicação da Libris, a Liber000, escrita por Frater Albertus Rabelais, ontem consta um manifesto de um hacker. A Libris é uma obra que pode ser distribuida sem prévia autorização por qualquer meio, desde que concedendo os créditos aos autores.



O Manifesto de um Hacker
Data do Documento: 10/03/1998
Ultima atualização: 10/03/1998
Palavras Chave: Internet, Hacker, Segurança, Comportamento
Tradutor: Verdade @bsoluta
Arquivo: mentor.html
Status: completo

Mais um foi pego hoje, está por toda parte nos jornais. “Adolescente Preso em Escândalo de Crime de Computador”, “ Hacker preso depois de trapaça em Banco”. “Crianças malditas”, “Crianças imbecis”. Eles são todo semelhantes “. Mas você em sua
psicologia de três ângulos e pensamento de 1950, alguma vez olhou através dos olhos de um hacker? Você já imaginou o que faz ele agir, quais forças o motivam, o que o tornou assim? Eu sou um hacker, entre em meu mundo. Meu mundo é aquele que
começa na escola.

Eu sou mais inteligente que a maioria das outras crianças, esta besteira que nos ensinam me chateia. “Maildição”. Eles são todos iguais. Eu estou na escola primário ou secundária. Eu escutei aos professores explicarem pela qüinquagésima vez como reduzir uma fração. Eu entendo isto. “ Não, Sra. Smith, eu não mostrei meu trabalho. Eu fiz ele em minha cabeça”. “Criança maldita”. “Provavelmente copiou isto. Eles são todo semelhantes “. Eu fiz um descoberta hoje. Eu encontrei um computador. Espere um segundo, isto está legal. Faz o que eu quero.Se comete um engano, é porque eu estraguei isto. Não porque não gosta de mim, ou sente atração por mim, ou pensa que sou inteligente, ou não gosta de ensinar e não deveria estar aqui. Criança maldita. Tudo que ele faz é jogar jogos. Eles são todo semelhantes. E então aconteceu... uma porta abriu-se para um mundo...surfando rapidamente pela linha telefônica como heroína pelas veias de um viciado, uma pulsação eletrônica é enviada, um refúgio para a incompetência do dia-adia... Encontramos uma BBS. “É isto...este é o mundo ao qual pertenço...” Eu conheço todos aqui...até mesmo se eu nunca tenha falado com eles, mesmo que nunca mais vá ter notícias novamente deles...Eu o conheço todos...Criança malditas. Prendendo a linha telefônica novamente. Eles são todos semelhantes... Você acertou seu babaca nós somos todo semelhantes...na escola nós comia-mos comida de bebê quando nós tinha-mos fome de bife ...os pedaços de carne que você deixou passar foi pre-mastigado e sem gosto. Nós fomos dominados por sádicos, ou ignorados pelo apático. Os poucos que tiveram algo a nos ensinar quando crianças, achou os alunos dispostos a tudo, mas esses poucos são como gotas d’agua no deserto. Agora este é o nosso mundo...o mundo eletrônico, a beleza da transmição eletrônica. Nós fazemos uso de um serviço que já existe sem pagar o que poderia ser muito caro se não fosse usado por gulosos aproveitadores, e você nos chama os criminosos. Nós exploramos...e você nos chama de criminosos. Nós buscamos por conhecimento...e você nos chama de criminosos. Nós existimos sem cor de pele, sem nacionalidade, sem preconceito religioso...e você nos chama de criminosos. Você constrói bombas atômicas, você empreende guerras, você assassina, engana, e mente a nós e tenta nos fazer acreditar que é para nosso próprio bem, contudo nós somos os criminosos. Sim, eu sou um criminoso. Meu crime é a curiosidade. Meu crime é o de julgar as pessoas pelo que eles dizem e pensam, não como eles se parecem. Meu crime é desafiar e anganar vocês, algo que você nunca me perdoará. Eu sou um hacker, e este é meu manifesto. Você pode parar este indivíduo, mas você não nos pode parar todos nós...afinal de contas, nós somos todo semelhantes.

Este foi o último arquivo publicado por “The Mentor”.